08/10/2018 - Com uma alta das temperaturas de 1,5C ou de 2C, o mundo no ser o mesmo, advertem os especialistas da ONU sobre a mudana climtica (IPCC), que descreveram os riscos para as espcies e para as economias.
Seguem abaixo as principais concluses do informe especial aprovado no sbado pelos governos e publicado nesta segunda-feira:
- Impactos do 1C -
As emisses de gases do efeito estufa geradas pelo homem aumentaram a temperatura global em 1C desde a revoluo industrial. " provvel" que o aquecimento atinja 1,5C entre 2030 e 2052, se continuar no ritmo atual.
Muitas regies j esto experimentando um aquecimento mais acelerado, como o rtico.
O ltimo meio grau a mais est associado a um aumento dos eventos meteorolgicos extremos.
As emisses passadas e presentes continuaro a elevar o nvel do mar, no importa o que acontea.
- 1,5 ou 2, efeitos diferentes -
As diferenas so ntidas entre um aumento de 1,5C ou de 2C. 2C se traduz em ondas de calor na maioria das regies. Haver mais dias quentes em todos os lugares, particularmente nos trpicos, zona sensvel, j que neste momento as variaes no os afetam. As precipitaes ligadas aos ciclones sero mais intensas.
O nvel do mar, com uma temperatura superior de 1,5C, aumentar entre 26 e 77 cm at 2100, segundo as projees. Com 2C sero 10 cm a mais, o que afetar 10 milhes de pessoas adicionais.
A longo prazo, a instabilidade do gelo antrtico e/ou a perda da Groenlndia poderia comear com 1,5C ou 2C de aumento, o que elevaria o nvel do mar em vrios metros nos prximos sculos ou milnios.
O impacto sobre as espcies ser menor com 1,5C: menos incndios florestais, perda de territrios, espcies invasoras. Com 1C, 4% da superfcie terrestre muda de ecossistema, com 2C ser de 13%.
1,5C limitaria a acidificao do oceano (ligada maior concentrao de CO2) que ameaa a existncia de espcies marinhas. Com este aumento, o rtico ter um vero por sculo sem gelo, e a 2C sero dois por dcada.
A queda na produtividade do milho, do arroz e do trigo ser mais limitada com 1,5C do que com 2C de variao, aponta o informe, que tambm descreve os principais riscos para os recursos hdricos, segurana alimentar e sade.
- Diminuir as emisses de CO2 de maneira urgente -
Para permanecer em uma variao de 1,5C mxima, devemos inverter a evoluo das emisses de CO2 antes de 2030 e de maneira marcada (-45% at 2030 em relao ao seu nvel de 2010), e ento, chegar a 2050 a uma "neutralidade de carbono": isto , deixar de emitir mais CO2 na atmosfera do que se pode retirar.
A neutralidade implica apenas conservar as emisses "residuais" para setores que no podem evit-las (a aviao, por exemplo). Este excedente de CO2 deve ser bombeado (emisses negativas).
As outras emisses (como metano e fuligem) tambm devem ser reduzidas, embora menos prioritrias do que o CO2, uma vez que so menos persistentes.
Com relao possibilidade de ultrapassar o limite de 1,5C para reduzir as temperaturas posteriormente, o IPCC destaca os riscos - alguns irreversveis, como a perda de espcies - e a incerteza sobre a eficincia da extrao de CO2 em larga escala.
- Transformaes sem precedentes -
Essa necessria reduo macia das emisses exigir uma "transio rpida e de longo alcance em termos de energia, uso da terra, transportes, construo e sistemas industriais", um movimento sem precedentes, j que envolve todos esses setores ao mesmo tempo.
As energias renovveis %B%Bdevem passar de 20% a 70% da produo de eletricidade at meados do sculo, enquanto a participao do carvo deve quase desaparecer. A demanda por energia deve cair e a eficincia energtica deve aumentar.
A indstria dever reduzir suas emisses de CO2 de 75 a 90% at 2050 em comparao com 2010 (comparado a 50-80% com 2C), o transporte dever passar a usar energias de baixo carbono (35-65% em 2050 contra menos de 5% em 2020).
De acordo com o relatrio, sero necessrios investimentos anuais de 2,4 trilhes de dlares entre 2016 e 2035 para a transformao de sistemas de energia, isto , 2,5% do PIB mundial.
Um custo que deve ser colocado em perspectiva com um custo ainda maior de no fazer nada, os cientistas apontam.
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